Durante o mês de setembro acontece a campanha Setembro Verde, voltada à conscientização sobre a doação de órgãos. O ato solidário pode transformar a dor de uma família em esperança para outras, salvando milhares de vidas em todo o país.

 

O Paraná se destaca nesse cenário. O Estado mantém uma média de doações 94% superior à nacional, consolidando-se como referência no Brasil. Em 2015, ocupava a quinta posição no ranking da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). Já em 2023 e 2024, atingiu 42,5 e 42,3 doações por milhão de população (pmp), respectivamente, conquistando o primeiro lugar no país. No primeiro semestre de 2025, foram 37,9 doações por milhão de população, enquanto a média nacional ficou em 19,5 pmp.

 

Na manhã desta quarta-feira (24), a Rádio Independência conversou com Marcelo de Souza Furtado, enfermeiro coordenador da Organização de Procura de Órgãos (OPO) de Cascavel, vinculada à Secretaria de Saúde do Paraná e responsável pela macro região oeste, que abrange Pato Branco, Francisco Beltrão, Foz do Iguaçu, Cascavel e Toledo.

 

Esperança que salva vidas

Segundo Marcelo, a cor verde da campanha simboliza a esperança das pessoas que aguardam um órgão. Ele destacou que, atualmente, quase 5 mil paranaenses estão na fila de espera por um transplante, enquanto, em nível nacional, são mais de 80 mil pessoas.

 

O enfermeiro explicou ainda que o processo de transplante depende de uma série de protocolos médicos e, após a captação, há um tempo limite até o implante. O critério de escolha dos receptores segue a ordem de inscrição, mas também considera a compatibilidade genética.

 

O desafio da recusa familiar

Apesar dos bons números, Marcelo alertou que a taxa de recusa familiar em 2025 está maior que em 2024, o que aumenta a fila de espera. “Sem doação não há transplante. É fundamental que cada pessoa converse com seus familiares e manifeste o desejo de ser doador”, reforçou.

 

Somente em 2025, na macro região oeste, foram 121 protocolos considerados potenciais doadores, resultando em 84 autorizações e 37 recusas. Esses órgãos, que poderiam salvar vidas, não foram aproveitados.

 

Marcelo lembrou ainda que a doação em vida é possível em alguns casos, como o transplante de rim, que pode ser realizado entre familiares até o quarto grau.

 

Resultados da OPO Oeste

No acumulado de 2025, a OPO Oeste, em parceria com hospitais da região, já viabilizou a captação e o transplante de 140 órgãos. No entanto, ele observou que a região Sudoeste do Paraná apresenta uma taxa de recusa familiar maior que em outras localidades do Estado.

 

Um recomeço possível

Para Marcelo, a doação de órgãos representa mais do que um gesto de solidariedade: é a oportunidade de um recomeço para quem espera.

 

No dia 27 de setembro, será celebrado o Dia Nacional da Doação de Órgãos, uma data para reforçar a importância desse ato que transforma vidas.



FONTE: Redação/Rádio Independência | FOTO: SESA