Projeção do Instituto Paranaense de
Desenvolvimento Econômico Social (Ipardes) aponta que a população do Paraná passará dos atuais
11,243 milhões para 12,208 milhões em 2040. A população deve atingir a marca de 12 milhões de
pessoas ao final da próxima década e ficar praticamente estável nos 10 anos seguintes. O município
de Francisco Beltrão, de maior população na região Sudoeste, continuará na liderança e chegará a 108
mil habitantes.
As projeções apontam para o aumento da população idosa e diminuição de
jovens. A população de 0 a 14 anos deve passar de 20,8% em 2017 para 14,6% do total do Estado. A
população idosa, por sua vez (65 anos e mais) passa de 9,2% para 19,9% no período. Essa tendência,
explica o diretor de pesquisas do Ipardes, Daniel Nojima, é verificada em todo Brasil e está
associada ao declínio da natalidade e à ampliação da expectativa de vida.
Perda de população
No Paraná, o processo é mais acentuado em
Curitiba e em municípios de menor porte, com menos de 10 mil habitantes, onde se verifica a migração
dos mais jovens para outros municípios em busca de novas oportunidades. "São cidades de base
agropecuária, que vivem também um processo de mecanização das lavouras, e os jovens acabam indo para
municípios vizinhos. São migrações de curta distância bastante regionalizadas", diz
Nojima.
Pela projeção, nas pequenas cidades, a média da proporção de idosos com relação à
população total passa de 11,3% em 2017 para 24,2% em 2040. Em Curitiba, de 9,6% para 21,3% no mesmo
período. "A capital já é uma cidade madura, passou por vários ciclos demográficos, que apresenta
queda de natalidade e maior expectativa de vida", diz Nojima.
Políticas públicas
Os resultados são importantes para subsidiar o planejamento de
políticas públicas, enfatizou Nojima. "O Paraná já tem uma população mais envelhecida que a média
brasileira. Certamente o perfil do mercado de trabalho vai ter que mudar. Teremos implicações tanto
para o setor educacional quanto para saúde pública, questões que precisarão ser pensadas para um
planejamento futuro", afirma.
A professora Raquel Guimarães, do departamento de economia da
Universidade Federal do Paraná, que participou do trabalho, explica que as projeções do Ipardes
levam em conta componentes demográficos como o estoque de população, nascimentos, óbitos e os saldos
migratórios.
"O Paraná está em uma situação de estabilidade. O Estado, assim como Santa
Catarina, é, de certa forma, pioneiro no País em envelhecimento da população. Enquanto algumas
unidades da Federação ainda estão passando por esse estágio de transição demográfica, o Paraná já
tem esse cenário mais consolidado. Isso gera uma demanda de política pública não mais
prioritariamente dedicadas aos mais jovens e crianças", diz.
Ganhos e perdas
As projeções indicam, até 2040, perdas populacionais em 223
municípios, em paralelo a ganhos em 176 cidades. Dos 223 municípios que perdem população, 142 têm
até 10 mil habitantes e 62 têm de 10 mil a 20 mil habitantes. "É preciso notar, porém, que a perda
de população não quer dizer perda de dinamismo econômico. Juntos, esses 204 municípios representam
38,6% do PIB agropecuário do Estado", diz.
O número de cidades com mais de 100 mil habitantes
passa de 18 para 24 em relação ao ranking de 2010. Passam a integrar esse grupo, cidades como Cambé
(108.452), Francisco Beltrão (108.017), Sarandi (107.880), Fazenda Rio Grande (148.617), Cianorte
(107.224) e Piraquara (162.122).
Entre as grandes cidades, Curitiba alcançará 1,95 milhão de
habitantes em 2014, seguida por Londrina (628.600), Maringá (552.686), São José dos Pinhais
(469.573), Ponta Grossa (386.947) e Cascavel (377.664). As projeções ainda indicam uma maior
concentração populacional na região de Curitiba e de Londrina e Maringá.
Marca dos 100 mil habitantes será superada antes de 2040; município tem
desafios
Diante da perspectiva de o município chegar a 108 mil habitantes, o
vice-prefeito e secretário de Planejamento de Beltrão, Antonio Pedron, tem posição diferente. Ele
acredita que a população local passará dos 100 mil habitantes antes de 2040. Se por um lado, Beltrão
terá uma população maior, de outro há desafios para o poder público que precisa encarar para que o
município seja agradável para seus moradores. É necessário que o poder público continue investindo
nas áreas de educação, saúde, saneamento e outros setores. "Acreditamos que o melhor investimento
para fazer frente ao crescimento populacional, é focar na educação, aliada ao esporte e cultura. Se
investirmos em educação, em sentido amplo, teremos mais qualidade de vida: saúde, segurança,
empregabilidade, melhor massa salarial , meio ambiente protegido, cidade limpa e organizada",
comenta Antonio.
Ele acredita que se a administração municipal investir em educação
"atrairemos - em face da qualificação - empresas que investirão no município, gerando, assim,
empregos que possibilitem melhor qualidade de vida. Quanto à urbanização, que inclui soluções de
trânsito, entendemos que devemos incentivar o uso de transporte público, especialmente a locomoção
entre bairros-centro. Para isso, temos que investir em infraestrutura viária condizente, com
terminais e linhas de ônibus eficientes".
Outra preocupação observada pelo secretário de
Planejamento é com o crescimento do perímetro urbano. "Devemos ainda observar a expansão
territorial da cidade. Entendemos que devemos restringir a expansão territorial e ocupar os espaços
já delineados para concentrar mais a população, e assim facilitar acesso aos serviços sociais e
acessibilidade", comenta.
Antonio Pedron defende que as pessoas tenham mais cuidado com a
cidade. "As pessoas precisam amar e cuidar da cidade: voltando à educação, devemos aprender amar e
cuidar da nossa cidade ou sofreremos as conseqüências". Ele acredita que o município passará a marca
dos 100 mil antes de 23 anos. "Chegaremos a 108 mil habitantes antes de 2040, na minha opinião isso
vai acontecer em torno de 15 a 20 anos", aposta. O vice-prefeito ressalta que a responsabilidade
pela cidade "é de seus moradores e não só poder público".
Foto: Francisco Beltrão chegará a 108 mil habitantes.
Fonte: FONTE: jornaldebeltrao.com.br | FOTO: Ivo Pegoraro/JdeB