O diesel comum comercializado leva 10% de biodiesel, um combustível renovável derivado de óleos vegetais, em especial, da soja. Focado em aprimorar a qualidade do biodiesel, o professor André Lazarin Gallina, da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) - Campus Realeza, está iniciando uma pesquisa para minimizar os efeitos da oxidação do biodiesel que, quando comprometido, torna-se instável para a comercialização.

Por ser produzido a partir de óleos vegetais, o biodiesel é mais suscetível à oxidação, o que modifica suas propriedades químicas e físicas. O projeto de pesquisa em desenvolvimento busca a criação de nanocápsulas capazes de liberarem, gradativamente, o material antioxidante ao biodiesel. “Hoje são adicionados aditivos antioxidantes a esse biocombustível. A nossa ideia é encapsular esse antioxidante, como se fosse um fármaco, e misturá-lo ao biodisel para que tenha uma ação um pouco mais prolongada", explicou Gallina.

De acordo com o relatório da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificante (Fecombustíveis) apresentado em 2016, um dos principais motivos de reprovação de amostras de diesel nos testes de controle de qualidade foi o teor de biodiesel: 36% em 2015 e 50% em 2016, do total de não conformidades. Para o pesquisador, a perda de qualidade pode ser associada à degradação prematura do biocombustível, o que acarreta na diminuição do teor de biodiesel ao diesel, não atendendo as especificações exigidas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). "A partir do momento que conseguirmos diminuir esse índice de oxidação, estamos na verdade prolongando a vida útil do bicombustível, tornando-o um combustível que pode ser utilizado a mais longo prazo", comentou Gallina.

A pesquisa será desenvolvida nos próximos três anos e contará com a colaboração da professora Dalila Moter Benvegnú, da acadêmica do curso de Química, Camila Magrin, e uma parceria com o grupo de pesquisa em Eletroquímica da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), coordenado pelo professor Paulo Rogério Pinto Rodrigues.

Recentemente, o professor Gallina recebeu do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) uma Bolsa Produtividade em Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora (DT). Esta é a primeira vez que um pesquisador da UFFS recebe uma bolsa em DT. Outros quatro pesquisadores recebem Bolsas de Produtividade em Pesquisa.

A bolsa é um incentivo ao pesquisador, pois valoriza sua produção em desenvolvimento tecnológico e inovação. Para a concessão da bolsa em DT, o CNPq leva em consideração a produção tecnológica, a formação de recursos humanos, a transferência de tecnologia para o setor produtivo ou para o setor público, assim como o desenvolvimento de um projeto de pesquisa inovador.

Sobre esse reconhecimento, o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Joviles Vitório Trevisol, salienta que as Bolsas Produtividade refletem as lideranças dos pesquisadores e as suas respectivas instituições. "As Bolsas Produtividade do CNPq são muito prestigiadas. A comunidade acadêmica concorre para essas bolsas. Além do prestígio que a bolsa confere, ela também assegura ao pesquisador um valor mensal que permite desenvolver algumas atividades adicionais. O que está na origem do programa de Bolsas Produtividade do CNPq é a ideia de carreira de pesquisador. A bolsa visa apoiar os pesquisadores e cientistas brasileiros que se dedicam, permanentemente, à produção de conhecimento", destaca.


Fonte: FONTE: Assessoria | FOTO: Ariel Tavares/UFFS