O consumo e o uso das águas no país devem
crescer 24% até 2030, diz diz um estudo lançado nesta segunda-feira (1º) pela Agência Nacional de
Águas (ANA). De acordo com a agência, responsável pela gestão dos recursos hídricos no Brasil, o
país usa, em média, a cada segundo, 2 milhões e 83 mil litros de água. Em 2030, esse total deve
superar a marca de 2,5 milhões de litros por segundo.
O Manual de Usos Consuntivos da Água no
Brasil traça um panorama das demandas pelos recursos hídricos em todos os municípios brasileiros
entre 1931 e 2030. Ele se baseia no chamado consumo consuntivo quando a água retirada é consumida,
parcial ou totalmente, no processo a que se destina.
Segundo o estudo da ANA, os principais
usos consuntivos da água no Brasil são o abastecimento humano (urbano e rural), o abastecimento
animal, a indústria de transformação, a mineração, a termoeletricidade, a irrigação e a evaporação
líquida de reservatórios artificiais
Somente a agricultura irrigada é responsável por 52% de
toda a água retirada no país. Em seguida, vêm o uso para abastecimento urbano, com 23,8%, a
indústria, com 9,1%, e o uso animal, em especial para dessedentação, com 8%.
De acordo com o
levantamento, o volume de uso consuntivo conjunto de água na agricultura irrigada, no abastecimento
urbano e na indústria de transformação responde por 85% das retiradas de água em corpos hídricos,
totalizando 2,083 milhões de litros por segundo.
O uso de águas para a agricultura irrigada
prevalece nas regiões Sul, Centro-Oeste e Nordeste. Na Região Norte, prevalecem atualmente as
retiradas de água para termelétricas e abastecimento humano urbano. No Sudeste, predominam o
abastecimento urbano e a maior demanda de uso na indústria de transformação.
A agricultura
irrigada também é destaque entre os municípios que mais consomem água no país, sendo responsável por
oito das dez maiores vazões de retirada de água, ficando atrás apenas de São Paulo e do Rio de
Janeiro, primeiro e segundo lugares, respectivamente, onde o principal uso é para abastecimento
urbano.
Juntos, os dois municípios têm cerca de 19 milhões de habitantes e retiram pouco mais
de 101 milhões de litros por segundo para abastecimento. Já municípios como Uruguaiana, Santa
Vitória do Palmar, Alegrete, Itaqui, São Borja e Mostardas, no Rio Grande do Sul; Juazeiro, na
Bahia; e Petrolina, em Pernambuco, em sua maioria com menos de 100 mil habitantes, usam cerca de 160
milhões de litros por segundo.
Outro ponto de destaque analisado pela agência reguladora foi
a evaporação líquida em reservatórios artificiais, o que inclui hidrelétricas e açudes. De acordo
com o estudo, em 2017, houve evaporação líquida de 669,1 mil litros por segundo. Este volume é
aproximadamente 35% maior que o retirado para abastecimento urbano (496,2 mil litros por segundo) e
6,8 vezes maior que o consumido por este uso (99,2 mil l/s). A evaporação líquida só é superada pelo
retirada e pelo consumo de água pela irrigação (respectivamente 1083,6 e 792,1 mil l/s), diz a
ANA.
O levantamento da ANA destaca ainda o papel crescente das usinas termelétricas na
demanda por água. Segundo o estudo, mesmo sendo uma atividade de intensificação mais recente, a
retirada de água por termelétricas, é superior à soma de todas as retiradas para mineração e
abastecimento humano no meio rural. Enquanto as termelétricas responderam por 3,8% das retiradas de
água, o abastecimento rural respondeu por 1,7%, enquanto a mineração ficou com 1,6% das
retiradas.
Os estados que respondem pela maior variação das retiradas são: Rio de Janeiro,
com 21% da demanda total, Santa Catarina, com 13%, São Paulo, com 11%, Pará, com 9%, Maranhão, com
9%, e Pernambuco, com(8%. Juntos, esses estados concentram 72% da demanda total que foi de 79,5 m³/s
em 2017.
Segundo a agência reguladora, a identificação e a quantificação dos usos atuais e
potenciais das águas representa uma oportunidade de aprimorar o processo participativo na gestão da
água, em torno de questões como a oferta e a demanda. A ANA diz ainda que os dados são um insumo à
garantia da segurança hídrica da população e do setor produtivo.
Na esfera setorial, essa
base fornece aos setores produtivos um novo panorama e uma visão de futuro dos usos da água e do
balanço hídrico nas bacias hidrográficas do território nacional, balizando as análises de risco e de
sustentabilidade hídrica dos empreendimentos. O planejamento do Estado brasileiro junto aos setores
contará com essas informações de referência, orientando importantes instrumentos como os Planos
Nacional e Estaduais de Irrigação e as revisões do Plano Nacional de Energia, diz o estudo.
Fonte: FONTE: agenciabrasil.ebc.com.br | FOTO: Reprodução/Internet