

O Instituto Butantan anunciou hoje, 26, que começou a desenvolver a
produção-piloto da primeira vacina brasileira contra o novo coronavírus. A expectativa é que os
ensaios clínicos de fases 1 e 2 em humanos comecem em abril, o que ainda precisa de autorização da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Chamada de ButanVac, essa seria uma vacina
desenvolvida e produzida integralmente no Butantan, sem necessidade de importação do Insumo
Farmacêutico Ativo (IFA). Segundo o governo, os resultados dos testes pré-clínicos realizados com
animais se mostraram promissores, o que permitiria evoluir para estudos clínicos em
humanos.
A produção-piloto do composto já foi finalizada para aplicação em voluntários
humanos durante os testes. Os resultados da pesquisa clínica em humanos vão determinar se a vacina é
segura e tem resposta imune capaz de prevenir a covid-19.
Este é um anúncio histórico para o
Brasil e para o mundo. A ButanVac é a primeira vacina 100% nacional, integralmente desenvolvida e
produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, que é um orgulho do Brasil. São 120 anos de existência,
o maior produtor de vacinas do Hemisfério Sul, do Brasil e da América Latina e agora se colocando
internacionalmente como um produtor de vacina contra a covid-19, disse o governador de São Paulo,
João Doria.
Para a produção da vacina, o instituto deverá usar tecnologia já disponível em
sua fábrica de vacinas contra a gripe, a partir do cultivo de cepas em ovos de galinha, que gera
doses de vacinas inativadas, feitas com fragmentos de vírus mortos.
A iniciativa do novo
imunizante faz parte de um consórcio internacional do qual o Instituto Butantan é o principal
produtor, responsável por 85% da capacidade total, de acordo com o governo do estado, e tem o
compromisso de fornecer a vacina ao Brasil e aos países de baixa e média
renda.
Diretor-presidente do Butantan, Dimas Covas, avaliou que a tecnologia utilizada na
ButanVac é uma forma de aproveitar o conhecimento adquirido no desenvolvimento da CoronaVac, vacina
desenvolvida em parceria com a biofarmacêutica Sinovac, já disponível para a população
brasileira.
Entendemos a necessidade de ampliar a capacidade de produção de vacinas contra o
coronavírus e da urgência do Brasil e de outros países em desenvolvimento de receberem o produto de
uma instituição com a credibilidade do Butantan. Em razão do panorama global, abrimos o leque de
opções para oferecer aos governos mais uma forma de contribuir no controle da pandemia no país e no
mundo, disse Covas. Segundo ele, a parceria com a Sinovac será mantida e não haverá nenhuma
alteração no cronograma dos insumos vindos da China.
A previsão do diretor-presidente do
Butantan é que será possível entregar a vacina brasileira ainda este ano. Após o final da produção
da vacina contra Influenza, em maio, poderemos iniciar imediatamente a produção da Butanvac.
Atualmente, nossa fábrica envasa a Influenza e a CoronaVac. Estamos em pleno vapor,
disse.
Tecnologia
A tecnologia da ButanVac utiliza
um vetor viral que contém a proteína Spike do coronavírus de forma íntegra. O vírus utilizado como
vetor nesta vacina é o da Doença de Newcastle, uma infecção que afeta aves. Por isso, o vírus se
desenvolve bem em ovos embrionados, o que permite eficiência produtiva em um processo similar ao
utilizado na vacina de influenza, conforme divulgou o Butantan e o governo estadual.
O vírus
da doença de Newcastle não causa sintomas em seres humanos, constituindo-se como alternativa muito
segura na produção. O vírus é inativado para a formulação da vacina, facilitando sua estabilidade e
deixando o imunizante ainda mais seguro, diz Butantan.
Fonte: FONTE: Camila Boehm/Agência Brasil | FOTO: Behrouz Mehri/Pool via Reuters